domingo, 28 de julho de 2013

POLITICA, CIDADANIA, A JUVENTUDE E AS MOBILIZAÇÕES DE JUNHO.


Não há cidadania sem a politica e nem política sem cidadania, para ser cidadão tem que estar em dia com os seus direitos políticos. A diferença entre cidadania e política é porque a política é uma palavra de origem grega e cidadania do latim.
É comum ouvir, principalmente dos mais jovens, que política é coisa de idiota, pois observando a origem da palavra é justamente o contrário. A origem da palavra idiota vem do grego, que significava quem só pensa na sua própria vida e recusa a política. Aquele que se dedicava a cidade e a comunidade ou a sociedade era chamado de político. É justamente dessa forma que a elite (intelectual conservadora e do capital) quer que o povo se comporte, pois um povo que discute política é muito mais difícil ser enrolado e consegue distinguir melhor quem está verdadeiramente do seu lado.
Não podemos confundir partido com política, partido é apenas uma das maneiras de fazer política. Não é necessário partidarizar o debate o mais importante é politizar o conteúdo, pois isso gera consciência política. Partido você tem o direito de decidir se quer ou não fazer parte, já a política, quer você queira ou não ela vai fazer parte da sua vida, o fato de ficar neutro é um ato político que geralmente significa ficar ao lado dos poderosos.
A ausência da discussão política facilita o surgimento dos falsos líderes, dá força e vez para o fascismo o conservadorismo. É preciso entender que um voto em vereador está vinculado às ideias que seu partido defende, pois a partir do momento que ele é eleito ele passa a fazer parte do mapa do poder de um município, estado e nação. O voto é importante, mas tem consequência, muitas vezes decidiram o destino de milhões de pessoas.
Acompanhei atentamente todas as manifestações no mês de junho e observei muitas coisas que, sinceramente fiquei preocupado. Aqui em Florianópolis eu ouvi o Presidente da AEMFLO e CDL/São José falando na CBN que os empresários estavam apoiando o movimento e que isso o fazia lembrar o tempo que ele cursava a universidade em que os jovens foram para a rua apoiar a “revolução“, ou seja, a ditadura de 1964, apoiando inclusive o fechamento da ponte.  Isso foi emblemático.
A pauta colocada nas ruas, exceto a do passe livre que é legítima e consistente, as demais eram a pauta da mídia, sem conteúdo e sem liderança. Aparecia mais saúde, mas não vinculava a luta social travada para aumentar os recursos para a saúde. Aparecia abaixo a corrupção, mas vinculava ao projeto de estava tramitando que pela primeira vez no Brasil pretende punir o corruptor também. Não havia nenhuma menção pela redução da carga horária para 40 horas semanais será porque contraria os interesses da Grande Mídia e dos patrões? Não havia ninguém pedindo a redução dos juros, será porque contraria os interesses da Grande Mídia e do setor financeiro? Olha que os juros e os encargos da dívida consomem hoje quase 43% dos impostos arrecadados e no passado chegou a quase 60%. É preciso olhar a lei que rege o fenômeno e não só apenas o fenômeno, já dizia Karl Marx.
Qual o legado da mobilização? Na minha avaliação o maior legado e a abertura para fazer o debate e a disputa política com a juventude do Brasil. Há tempo que eu já vinha discutindo com colegas sobre a dificuldade de debater política com a juventude. O difícil é encontrar a forma ideal para fazer este debate, pela internet você não debate apenas compartilha. Nas universidades tenho muito pouca esperança, pois a maioria dos cursos são voltados para o mercado e, neste caso, o debate não costuma se contrapor aos interesses do mercado, principalmente porque muitas pesquisas são financiadas pelo setor privado. E ainda tem um problema a mais, hoje no Brasil tem muito curso superior que não são feito dentro da sala de aula e boa parte através de vídeo aula.
Outro legado é que o povo nas suas manifestações genéricas deixou claro que quer mais presença do Estado e isso pode ser um grande problema para os governantes conservadores e defensores do mercado e do estado mínimo. O povo não irá aceitar como queriam no passado a privatização das Universidades Federais, acabar com a CLT e as garantias no mercado de trabalho, retirar da constituição a expressão “a saúde é um direito de todos e dever do estado”, desvinculação do salário mínimo para os aposentados.

Assina: Carlos Borges